Após uma breve pausa de final de ano pretendo estar atualizando quase que diariamente este blog. Agradeço a visita de todos.
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No meio espírita parece ser a norma taxar o homossexualismo de desequilíbrio, desvio ou de qualquer outro eufemismo que queira na verdade salientar implicitamente o homossexual como aberração, como pervertido. E como o Centro Espírita busca se colocar aberto a todos não resta outra saída senão receber em seu espaço também os homossexuais, mas cuidando sempre de enxergá-los como pessoas menores necessitadas de apoio e auxílio. Essas idéias não chocam se observarmos a série de livros psicografados no Brasil, propagando esse senso comum sobre o homossexualismo, isentos de avaliação crítica, onde o caráter de psicografia autoriza uma verdade absoluta. Mesmo nas obras da codificação ou na de autores como Léon Denis encontra-se mensagens que sustentem argumentos como os acima descritos. Mas aí o que falta é uma análise hermenêutica do tempo histórico, político, social e cultural. Na verdade o que essas opiniões sobre homossexualismo ressaltam é uma ignorância profunda da filosofia doutrinária espírita, bem como o de uma completa incapacidade de interpretar fatos recorrentes a partir de entendimentos e conceitos novos.
Se a relação básica entre os seres humanos é de amor, como Kardec ressaltou avaliando a partir de um critério lógico a mensagem de Cristo, este pode se manifestar sobre diversas formas. Para que ele seja efetivado deve estar amparado pela construção do conhecimento, onde sua legitimidade se faz na valorização do outro e da vida, dentro de um equilíbrio harmônico e sustentado numa lógica conjuntiva. Por isso, o amor tem um caráter transdisciplinar, uma vez que é uma essência manifesta em diferentes existências.
O que contraria o amor é a banalização do outro, sua utilização para fins particulares. Neste caso toda e qualquer relação de devassidão, libertinagem e com vistas exclusivas ao prazer da matéria nega o exercício do amor, comprometendo o crescimento evolutivo. Neste caso se for comprovado estatisticamente que há maior libertinagem entre homossexuais, deve-se criticar este comportamento e não o homossexualismo em si. Associar a devassidão ao homossexualismo incorre em uma falácia lógica, uma vez que tal comportamento também é verificado entre heterossexuais. O que pode ser feito é avaliar sociologicamente o motivo pelo qual homossexuais tenderiam a ser mais devassos, o que não exclui a possibilidade de se encontrar diversos casais homossexuais que contribuam mutuamente para um crescimento e realizem uma relação de dignidade e defesa ampla e integral da vida, expressando desta forma o amor. Com isso é possível concluir que o homossexualismo também é uma forma pela qual o amor pode se manifestar.
O Espiritismo não deve condenar ou defender o homossexualismo em si, mas fazer avaliação dos valores que sustentam uma relação. Se forem de dignificação da vida são positivos, independente da forma em que se manifestem. Portanto, não se pode julgar o homossexualismo, mas sim relações homossexuais a partir dos valores que a edificam, o que significa que afirmar o homossexualismo como aberração ou desvio reflete desconhecimento grave da filosofia espírita.
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
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2 comentários:
Olá Gui!
Parabéns pela iniciativa do blog e este texto, em particular, está excelente.
Vou virar "freguesa".
ps.: você posta as mensagens as 7 da manhã, mesmo!!!???
Beijos,
Alessandra Guerios
Adorei a forma pela qual a questão foi abordada. Muito iluminada a indicação de estruturar uma apreciação da realção homossexual do individuo e não da homossexualidade, porque esta não pode ser questionada tal como não pode ser a heterossexualidade.
Aproveito para pedir gentileza não utizar o termo homossexualismo, porque o correto é homossexualidade, tal momo não se usa heterossexualismo.
O sufixo "ismo" é utilizado na lingua portuguesa para outros fins e não cabe no caso em questão.
Nota 10 por este texto.
Orsini
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